Compositor: Charles Aznavour / Georges Garvarentz
Eu nunca poderia imaginar que nos reencontraríamos
O acaso é curioso, provoca coisas
E o destino apressado, por um instante, faz uma pausa
Não, eu nada esqueci
Sorrio sem querer só de te olhar
Se os meses, os anos, marcam frequentemente os seres
Tu, tu não mudaste, talvez o penteado
Não, eu nada esqueci
Casado, eu? Imagina! Não tenho vontade nenhuma
Amo minha liberdade e, além disso, cá entre nós
Não encontrei a mulher da minha vida
Mas, vamos tomar algo e fala-me de ti
O que fazes da vida? Estás rica e satisfeita?
Vives só em Paris, mas, e então, aquele casamento?
Cá entre nós, teus pais devem ter morrido de raiva
Não, eu nada esqueci
Quem diria que um dia, sem o ter provocado
O destino, de repente, nos poria frente a frente?
Eu achava que tudo morre com o tempo que passa
Não, eu nada esqueci
Não sei bem o que dizer, nem por onde começar
As lembranças são abundantes, invadem-me a mente
E meu passado volta do fundo de sua derrota
Não, eu nada esqueci, nada esqueci
Na idade em que eu tinha o coração por única arma
Já que teu pai tinha muitas outras ambições para ti
Destruiu nosso amor e fez nossas lágrimas jorrarem
Em virtude de um marido escolhido por sua boa posição
Quis rever-te, mas estavas enclausurada
Escrevi-te cem vezes, mas sempre sem resposta
Levou muito tempo para que eu desistisse
Não, eu nada esqueci
As horas voam e o café já vai fechar
Vem, sim, vem, acompanho-te pelas ruas vazias
Como no tempo dos beijos que roubávamos em tua porta
Não, não, eu nada esqueci
Toda estação era nossa estação para amar
E não temíamos nem o inverno nem o outono
Sempre é primavera quando nossos vinte anos soam
Não, não, eu nada esqueci
Fez-me bem sentir tua presença
Sinto-me diferente, como se um pouco mais leve
Sempre se precisa de um banho de adolescência
É doce voltar às fontes do passado
Gostaria, se tu quiseres, sem querer forçar-te
De te rever novamente, enfim, se for possível
Se tiveres vontade, se tiveres tempo
Se não esqueceste nada
Como eu, que nada esqueci