Compositor: Charles Aznavour
Lá nas docas, onde o peso e o tédio
Me curvam as costas
Chegam, com o ventre pesado de frutas
Os barcos
Eles chegam do fim do mundo
Trazendo neles ideias errantes
Com reflexos de céu azul, e miragens
Arrastando um perfume apimentado
De países desconhecidos
E de verões eternos
Onde se vive quase nu
Nas praias
Eu, que, em toda a minha vida, só conheci
O céu do Norte
Queria lavar-me deste cinza
Mudando de rumo
Levem-me até o fim da terra
Levem-me ao país das maravilhas
Parece-me que a miséria
Seria menos penosa ao sol
Nos bares, ao cair do dia
Com os marinheiros
Quando se fala de mulheres e de amor
Com um copo na mão
Eu perco a noção das coisas
E, de repente, meu pensamento me transporta e me deixa
Um verão maravilhoso, sobre a areia
Onde eu vejo, estendendo os braços
O amor que, como um louco, corre à minha frente
E penduro-me no pescoço de meu sonho
Quando os bares fecham e os marinheiros
Retomam suas embarcações
Eu continuo a sonhar até de manhã
De pé no porto
Levem-me até o fim da terra
Levem-me ao país das maravilhas
Parece-me que a miséria
Seria menos penosa ao sol
Um belo dia, num barco estalando
Do casco ao convés
Para ir-me embora, vou trabalhar
No paiol de carvão
Tomando o caminho que leva
Dos meus sonhos de criança, para ilhas remotas
Onde o único que importa é viver
Onde jovens lânguidas
Te arrebatam o coração, trançando, disseram-me
Aqueles colares de flores que inebriam
Fugirei, deixando aqui meu passado
Sem remorso algum
Sem bagagem e com o coração liberto
Cantando bem alto
Levem-me até o fim da terra
Levem-me ao país das maravilhas
Parece-me que a miséria
Seria menos penosa ao sol
Levem-me até o fim da terra
Levem-me ao país das maravilhas
Parece-me que a miséria
Seria menos penosa ao sol