Compositor: Charles Aznavour
Eis que tu voltas
Sem uma explicação
Após dois meses de ausência
E sem nenhum complexo
Entras em casa
Com irritante insolência
Eis que tu voltas
Fumando com negligência
Teu cigarro virgínia
Com aquele riso no canto dos lábios
Que tu tens tão frequentemente
Quando estás pouco te importando com o mundo
Não perguntas
Como foi minha vida
Como foram meus dias e noites
Longe de ti
Não perguntas
Se minha alma está magoada
Se encontrei o esquecimento
Em outros braços
Simplesmente, tu voltas
Certa de ainda poder
Brincando com minha fraqueza
Envenenar meus dias
E, passeando tuas mãos
Por todo o meu corpo
Provocar minha ternura
Redespertando o amor
Eis que tu voltas
Com a mecha na testa
E, de modo brutal
Pisoteando minha amargura
Com altivez, ficas
À vontade e te instalas
Eis que tu voltas
Linda de morrer
E falas em voz alta
E eu não digo nada
Como se, de nós dois
Fosse eu o errado
Não duvidas de nada
Tens a certeza
De retomar teu lugar e teus direitos
Perto de mim
E, voltando, de repente
A teus costumes
Teus modos e gestos de antigamente
Tu acaricias o cão
Ligas a televisão
Tiras as coisas do lugar
E vens apertar-te contra mim
E eu volto, enfim, a viver
E, esquecendo o passado
Fico de boca fechada
Feliz com que estejas aqui
Eis que voltas
Eis que voltas
E eu, eu me sinto bem